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domingo, 28 de junho de 2015

'BEDEU''

“... um coração percussivamente sofrido, apaixonado, vagabundo e sonhador...” Uma frase sonora e poética pinçada da apresentação escrita por Bedeu para o disco “África no Fundo do Quintal” (1983).
Bedeu nasceu Jorge Moacir da Silva em 04 de dezembro de 1946. O apelido foi dado pelo avô e ninguém nunca soube de onde ele o tirou. O certo que o menino chamado Bedeu ficou Bedeu pelo resto da vida e assim foi conhecido no mundo musical gaúcho e pelo País. A ligação com a música começou cedo. Aos seis anos já brincava com um pandeiro com devido ritmo e sonoridade. Aos 12 anos já dominava com talento uma bateria e curtia Jackson do Pandeiro. Em 1965 abandona os estudos e passa a viverda música tocando nos bares e bailes acompanhado dos parceiros Luís
Vagner e Franco, integrantes de “Os Brasas”. Com eles, voa para São Paulo disposto a ser famoso. O êxito nacional estoura, no início da década de 70, com “Menina Carolina”, uma composição dividida com Leleco Teles, gravada por Franco num compacto cuja venda atinge 100 mil cópias e lidera as paradas de sucesso de todas as rádios.

A genialidade de Bedeu está no novo ritmo que impõe na linha do samba rock, batida alegre e leve e muito suingue.
Desperta a atenção de Jorge Benjor, JairRodrigues e Moacir Franco, que pedem  exclusividade das suas composições, mais tarde também gravadas por Neguinho da Beija Flor, Bebeto e conjuntos como os Originais do Samba.
Suas atuações como compositor e percursionista se dividam entre Porto Alegre e São Paulo e foi assim por um longo tempo.
O carnaval foi também uma paixão dividida entre os Acadêmicos da Orgia, Imperadores do Samba, Garotos da Orgia e Areal da Baronesa. 

Viveu parte de sua infância e adolescência no bairro Cidade Baixa,  na época, um reduto de diversos traços da africanidade na capital gaúcha. Foi de lá que ele trouxe boa parte das influências musicais. Apesar de ser gaúcho, curiosamente, Bedeu iniciou sua carreira em São Paulo, lá pelos anos 70.

 Foi em São Paulo também que conviveu com grandes músicos e teve várias de suas composições gravadas por diversos artistas, como Neguinho da Beija-Flor, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Originais do Samba, Dhema, Bebeto e Luis Wagner. Como instrumentista de percussão, gravou com Eduardo Assad, Nelson Aires, Cesar Camargo Mariano, Dudu França, entre outros.

Em 75, de volta a Porto Alegre, fundou o Grupo Pau Brasil, ao lado de Cy, Alexandre, Nego Luís, Leco e Leleco Telles. Com dois LP"s gravados, eles foram responsáveis por uma verdadeira reformulação no samba, criando um estilo próprio ao fazer uma ponte entre o rock e o samba.  Com o Grupo Pau Brasil lançou diversos sucessos, como Grama verde, Minha preta, Nêga Olívia,  Pau-Brasil, Menina Carolina, Kid Brilhantina, Minha Preta, e tantos outros já regravados por diversos músicos. Em 1978,  o Pau Brasil gravou seu primeiro disco - "O Samba e Suas Origens", lançado pela Beverly/Copacabana. Já no ano seguinte, lançaram o  segundo LP - "Pau Brasil", dessa vez pela gravadora Continental.  Contemporâneos de Bebeto e Jorge Ben, o Pau-Brasil fincou raízes e, mesmo depois da sua extinção, um grande grupo de admiradores ainda solicitada seus trabalhos em sebos e briques que vendem LPs antigos em Porto Alegre e São Paulo.

No início dos anos 80, Bedeu lançou-se em carreira-solo, gravando o disco "África no fundo do quintal", em 1983, onde reúne suas composições mais famosas e novas músicas, como Zimbábwe.  Em 88, a Continental lançou a coletânea "Samba Rock em Dois Tempos", com duas músicas de Bedeu: Kid Brilhantina e Tribo Guerreira, além de "Um Zero pra Bedeu", de Luis Vagner. Em 93, lançou o CD "Iluminado", gravado em São Paulo e que traz algumas pérolas do samba-rock brasileiro, como Saudades de Jackson do Pandeiro, onde teve a parceria de Luis Vagner e Kid Brilhantina  em parceria com Alexandre.
Nesta época, após gravar algumas coletâneas, é acometido por diabetes e se afasta momentaneamente do cenário musical e da mídia. Em 1998, Bedeu grava o seu último trabalho, financiado pela prefeitura da Capital gaúcha, "Swing Popular Brasileiro". Para auxiliar no tratamento de dele, em julho de 1999, foi promovido o show "Tributo a Bedeu". Porém, após um longo período de internação e do agravamento de sua enfermidade, Bedeu partiu em 05 de agosto de 1999, deixando saudosos todos aqueles que balançaram ao som do swing, do samba e do rock produzidos por pelo cantor e compositor gaúcho.

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