Por: Pedro Linhares
Passado alguns dias do apagar de luzes da passarela Carlos Alberto "o Roxo", sentimos um vazio. O vazio do fim. Fim? Será que acabou? Será que acaba?
Uma das perguntas que frequentemente faço quando converso com apaixonados pelo Carnaval é a seguinte: - Pra você, onde começa o desfile de uma escola de samba? Já ouvi inúmeras respostas: na concentração, na quadra da escola de samba, no barracão... Embora válidas, nenhumas destas traz na raiz o que justifica o sentido mais amplo e complexo sentido do processo criativo do sistema chamado popularmente de Carnaval de Escolas de Samba. Quanto a resposta que dou, é a seguinte: papel e caneta. Sim! Tudo nasce de uma ideia transcrita, de uma ideia posta em prática pela palavra.
É pela palavra que nasce a espinha dorsal do desfile: o enredo. É pela palavra que nasce o samba que empolgará a todos. É de palavras a composição das defesas e justificativas que compõem o material entregue aos avaliadores, de suma importância uma vez que é o primeiro a "pisar" na avenida, antes mesmo de qualquer contingente, agindo como uma prévia de planejamento, estética e fino trato dado pela agremiação ao seu desfile.
Chegado a essa época, ouvimos rumos de injustiças, desigualdades, imprudências... Todas estas vistas pelo olhar de quem assume o ter tudo chegado ao final. Mas não! O fim já acabou. Estamos agora em um novo início.
O exercício do olhar "inverso" deve começar agora! Quantos entendedores de nosso Carnaval leram alguma vez o regulamento de suas cidades? Quantos sabem as cinco (não sendo muito rigoroso) últimas justificativas de suas escolas? Quantos saberão o que fazer para vencer o próximo campeonato (mesmo sendo paixão e emoção, sim, é uma competição com regras a serem entendidas)?
Enquanto tivermos a falta do papel e da caneta, ainda teremos componentes sem cantar o samba, fantasias que prejudicam a evolução dos desfilantes - inclusive que deixam o julgador sem ver a boca dos mesmos, que vêm totalmente mascarados, sem saber se cantam ou não), alas invertidas, carros alegóricos feitos com esforço, com materiais de qualidade e impactantes, mas mal adequados/justificados à proposta do tema.
Para não deixarmos o nosso desfile nas mãos dos jurados e depois reclamar, precisamos tê-los em nossas mãos. Sugiro ir do mais simples ao mais complexo: comecemos pelo papel e pela caneta.
Perfeito!!!!! Tudo começa e termina com o papel e a canete...!!!!! Quanto a as fantasias, é necessário ter o entendimento do que elas representam, ou seja, de fácil interpretação, coerente com o tema de enredo....E, muita sensibilidade para transcrever o tema de enredo ao samba de enredo.
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