Vice em 2015, a escola do bairro Profilurb I trouxe para a passarela fantasias impecáveis, carros alegóricos suntuosos e uma comissão de frente que rendeu o título à agremiação
Foto: Fabio Dutra/JA
Após problemas com a liberação das arquibancadas pelo Corpo de Bombeiros e opiniões divididas sobre a necessidade de se realizar um Carnaval fora de época, na cidade, a Folia aconteceu em grande estilo, na noite do último sábado (9), com a evolução de seis escolas de samba do grupo especial, que somaram, juntas, cerca de 2.500 integrantes.
A apuração aconteceu na tarde destes domingo (10), e a Escola Acadêmicos da P1 foi eleita a vencedora do Carnaval. A escola – que havia sido vice em 2015 – fez a mesma pontuação da campeã do ano passado, Unidos do Mé, e o desempate foi devido ao quesito Comissão de Frente, no qual a escola foi melhor pontuada.
E, para assistir ao Carnaval, não faltou público. Segundo a Liga Independente das Escolas e Entidades do Samba do Rio Grande (Lieesa), foram cerca de 3.500 pessoas nas arquibancadas, muitos desses vindos de outras cidades como Pelotas, Santa Vitória, Bagé, São Lourenço, Porto Alegre e até de Uruguaiana, cidade cujo Carnaval fora de época é sucesso nacional.
O Carnaval Oficial no Sambódromo do Rio Grande foi organizado pela Lieesa, com o apoio da Prefeitura Municipal. As escolas que animaram a passarela foram: Águias do Samba, Unidos da Zona Oeste, Nós de Casa, Unidos da Rheingantz, Acadêmicos da P1 e Unidos do Mé.
Participações
Antes dos desfiles oficiais, que iniciaram pouco depois das 23h, o evento contou com a participação da Escola de Samba Imperadores da Zona Sul – formada a partir do Bloco NoKodum, e que, pela primeira vez, pisou na passarela do samba – e dos blocos carnavalescos: Vem Suando Que Eu Te Enxugo, Ritmo Frenético e Negão da Mauá.
Desabafo
Para a presidente da Lieesa, Katucha Duarte, apesar de todo o trabalho, o esforço valeu a pena, e o evento foi um sucesso: “Eu me sinto com o dever cumprido. É uma satisfação e alegria imensa, todo o esforço valeu a pena, afinal, nenhuma guerra se ganha fácil”, salienta. A presidente ainda desabafou sobre as críticas que, segundo ela, recebia de pessoas de dentro do próprio ambiente carnavalesco:
– Tentaram me difamar, pelo simples fato de eu ser mulher e jovem, diziam que eu não seria capaz de organizar isso aqui [Carnaval], mas vou dizer: pra me derrubar tem que nascer de novo – desabafou Katucha.
Valorização
Segundo o prefeito do Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer, que acompanhou todo o evento, a realização do Carnaval é uma forma do Executivo valorizar a cultura e a tradição. “Estamos muito felizes, está uma noite muito agradável, um ótimo público veio conferir e temos todas as estruturas adequadas, para prestigiar e valorizar essa festa popular, que já é tradição em nossa cidade”, observou. O gestor do Municipío comentou também sobre a importância da realização do evento:
– Não tenho dúvidas da importância de se valorizar políticas públicas culturais, como o Carnaval, que já é histórico em nossa cidade, e não seria diferente nesse ano. Também temos que perceber a questão econômica do Carnaval, muitas pessoas vêm de fora para prestigiar, os bares, hotéis e lojas variadas têm a economia movimentada com o Carnaval, além de todas as pessoas que passam o ano inteiro envolvidos com este evento, dentro das escolas de samba – disse Lindenmeyer.
A vencedora
A Escola de Samba Acadêmicos da P1 – fundada em 5 de setembro de 2003 – está há sete anos no grupo especial e é, pela primeira vez, a campeã do Carnaval do Município. Após um desfile simples, mas correto, em 2015 – que lhe rendeu o segundo lugar – a escola do bairro Profilurb I trouxe, neste ano, fantasias impecáveis, lindos carros alegóricos e evoluções bem preparadas.
Com o tema-enredo “A filha mais velha da mãe África – Haiti, a pérola das Antilhas” e o samba-enredo de Zeca Swinguinho e Eberton Prestes, que, rapidamente, contagiou o público – o qual, mesmo com a chuva, não perdeu a alegria e cantava “Yorubá crioulo é, voodo é o povo mostrando a sua fé, Yorubá crioulo é, P1 levanta a poeira com samba no pé”.
Com 350 componentes, dois carros alegóricos e 11 alas, a Escola encantou na passarela e todos os que viam o desfile sabiam que as chances de conquistar o primeiro lugar era real. Como pontos altos do desfile, pode-se destacar o carro que retratava o continente africano, a comissão de frente, que fez bonito, mesmo com a chuva que insistia em cair, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, o qual encantou pela evolução, simpatia e beleza das fantasias.
Eberton Prestes, diretor e segundo carnavalesco da campeã de 2016, disse: “Veja bem, é muita alegria, pra nós, essa vitória passou a ser um marco, o pessoal está muito feliz. Fizemos um trabalho muito bem feito, e o público deu a certeza da vitória, já com a reação deles na avenida”.
Demais escolas
A Unidos do Mé, campeã em 2015, veio preparada para levar o troféu pra casa e fez a mesma pontuação da campeã, porém, o quesito comissão de frente deu o título à Acadêmicos da P1. Com o tema-enredo “Sou Unidos do Mé, Vivo o Carnaval... Nosso Patrimônio Cultural!”, a Escola trouxe, para a passarela do samba, 320 integrantes, divididos em 13 alas, mais quatro carros alegóricos e dois tripés.
Iniciando o desfile perto das 5h de ontem (10), a Escola fez Carnaval falando de Carnaval, e levantou todos os que ainda estavam nas arquibancadas. Com carros alegóricos suntuosos – entre eles, o Carro das Estrelas, que homenageava figuras importantes do Carnaval rio-grandino, já falecidos; e o Carro Carnaval em Pernambuco, que trazia um bonito Galo da Madrugada, um boneco de Olinda e fazia referências ao Frevo e ao Maracatu – fantasias bonitas e muita animação, a escola não deixou a desejar.
Em terceiro lugar, a Academia Águias do Samba, em sua primeira vez no grupo especial do Carnaval, fez bonito com o tema-enredo “Marcos Fonseca, o Senhor do Carnaval – De menino sonhador a ícone da rádio Pelotense”. Destaca-se a beleza singela do carro que retratava Nª Sª Aparecida e a paradinha da bateria, onde todos cantavam, com o auxílio de palmas, o refrão: “Canta, meu povo, nessa noite especial”. E a Águias foi a escola com maior número de integrantes: cerca de 530.
A Unidos da Rheingantz ficou em 4º lugar com o enredo “Rheingantz canta o poeta Lupicínio Rodrigues, carisonhamente Lupi, o boêmio”, que retratou a vida do cantor e compositor gaúcho. A Escola contou com cerca de 450 integrantes, que se dividiram em 12 alas e foram acompanhados por quatro carros e um tripé. Do desfile, destacam-se a bela evolução da comissão de frente – que trazia vários Lupicínios boêmios e lavadeiras que, ao estender as roupas no varal, formavam o nome “Lupi”, as lindas fantasias da ala das baianas e o carro alegórico inspirado no Grêmio, e trazia o filho de Lupicínio Rodrigues.
Em 5º lugar, a Unidos da Zona Oeste, sediada no bairro Castelo Branco II, trouxe para a passarela do samba o tema-enredo “Amaral e a natureza” – como homenagem ao intérprete da Escola que morreu no Sambodrómo, no último Carnaval. Segundo a escola, a melhor forma de homenageá-lo “foi compará-lo à natureza e idealizá-lo como o ser de luz da Escola”. A Escola trouxe 250 integrantes, em 10 alas, e possuía dois carros alegóricos. Durante o desfile, a comissão de frente e a ala que trazia uma roda de capoeira com crianças encantaram aos que assistiam.
Com um desfile curto, a Nós de Casa ficou em 6º lugar, com o tema-enredo “Por mares nunca dantes navegados”, descrevendo o sonho de um pescador que viaja pelas profundezas do oceano. Se a colocação não foi das melhores, a escola pode ter certeza que não fez feio, no tocante à alegria, e encantou ao público com a animação de seus 300 componentes, divididos em 12 alas e acompanhados por dois carros alegóricos.
Pela primeira vez na passarela
A recém-criada Escola de Samba Imperadores da Zona Sul – formada a partir do Bloco NoKodum – pisou, pela primeira vez, na passarela do samba. A escola, que pretende participar do próximo Carnaval, mostrou animação e competência na bateria. Segundo Suelen Santana, membro da diretoria da Escola: “A expectativa era muito grande, até esperávamos um público maior, mais calor humano [quando a escola se apresentou, o público ainda não era grande], mas foi tudo perfeito, não tendo violência já estamos felizes”.
Resultados
1º Lugar – Acadêmicos da P1 - 89,6*
2º Lugar – Unidos do Mé - 89,6*
3º Lugar – Academia Águias do Samba - 88,1
4º Lugar – Unidos da Rheingantz – 87,8
5º Lugar – Unidos da Zona Oeste – 87
6º Lugar – Nós de Casa – 44,2
*O desempate que deu o título à Acadêmicos da P1 foi devido ao quesito Comissão de Frente
Corte do Carnaval 2016
A escolha e coroação da Corte aconteceram em março, na Sociedade Cultural Águia Branca. O Rei Momo Ronaldo Coelho, representando a Unidos da Rheingantz; a Rainha LGBT Camila Duarte, pela escola Águias do Samba; a Rainha do Carnaval,Rafaela Machado, representando a Unidos do Mé; a Mini Rainha do Carnaval, Ana Clara Pintanel, representando todas as crianças que desfilam nas escolas; a 1ª Princesa do Carnaval, Thalia Goulart, representando a Nós de Casa; e a 2ª Princesa do Carnaval, Andressa Antunes, da Unidos da Rheingantz, foram coroados as majestades da Folia rio-grandina e abrilhantaram a passarela do samba no grande dia.
O Rei Momo Ronaldo Coelho – que fica no trono até 2019 – agradeceu a presença de todos, no Carnaval, e garantiu que a sua função é dar sempre o melhor para o evento: “Este dia foi muito esperado, e espero sempre dar o meu melhor às pessoas e fazer com que todos fiquem felizes com o Carnaval”.
Por Esther Louro
esther@jornalagora.com.br
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fonte:JORNAL AGORA
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