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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

''Luís Gama: um dos líderes negros mais importantes do país''

Soteropolitano de nascimento, e paulista de coração, Luís Gonzaga Pinto da Gama foi um dos homens que mais lutou pela liberdade dos negros na história do Brasil. Poeta da escola do Romantismo, advogado, jornalista e atual patrono da cadeira nº 15 da Academia Paulista de Letras, Luís Gama era filho de uma escrava livre, a africana Luiza Mahin e de um fidalgo branco de origem portuguesa, cuja identidade ele jamais revelou.
Sua mãe, Luiza, era quitandeira em Salvador e foi uma das principais militantes da Revolta dos Malês, de 1835. Ela lutou pela abolição da escravatura na região e também participou da Sabinada, célebre revolta negra baiana. Por isso, tornou-se pernona non grata e foi exilada do país.  Na época, Luís tinha apenas 10 anos, e foi vendido como escravo pelo próprio pai para pagar uma dívida de jogo, sendo levado para o Rio de Janeiro, e, posteriormente, para São Paulo.
O menino foi comprado pelo alferes Antonio Pereira Cardoso, proprietário de uma fazenda no município de Lorena, SP. O alferes tentou vendê-lo no mercado de Santos, porém, por ser baiano, ninguém quis comprar e ele acabou indo trabalhar na própria casa do comerciante. Na época, escravos baianos eram tidos como rebeldes e fujões.
Em 1847, o alferes recebeu a visita do estudante Antonio Rodrigues do Prado Júnior, que, se afeiçoou ao garoto e ensinou-o a ler e a escrever. No ano seguinte, aos 17 anos, Luís Gama fugiu, pois sabia que sua situação era ilegal, já que era filho de mãe livre. Após seis anos de uma tumultuada carreira no exército (ele foi punido por ter respondido a um oficial que o insultou), largou o serviço militar em 1854.
Dois anos depois voltou à Força Pública e conseguiu um emprego público. Também frequentou as aulas de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco como ouvinte.
Anos depois, Luís Gama inaugurou a imprensa humorística paulistana ao fundar, em 1864, o jornal “Diabo Coxo”. Poeta satírico, ocultou-se, por vezes, sob o pseudônimo de Afro, Getulino e Barrabás. Sua principal obra foi “Primeiras trovas burlescas de Getulino”, de 1859, na qual se encontra a sátira “Quem sou eu?”, também conhecida como Bodarrada.
Polêmico, Luís tornou-se um jornalista de renome e se envolveu também com o Partido Liberal. Em 1869, fundou o jornal Radical Paulistano, com Rui Barbosa. Também participou da fundação do Partido Republicado Paulista e foi líder da Mocidade Abolicionista e Republicana.
Utilizando unicamente a lei da época, Luís Gama conseguiu libertar mais de 500 escravos. Conhecido como o “amigo de todos”, tinha em casa uma caixa com moedas que dava aos negros em dificuldades que vinham procurá-lo.
Influenciou grandes figuras como Raul Pompéia, Alberto Torres e Américo de Campos. Entretanto, por ironia, morreu em 24 de agosto de 1882, de diabetes, aos 52 anos, sem ver concretizada a tão sonhada abolição da escravatura, que seria decretada seis anos depois pela Princesa Isabel.
Hoje, Luís Gama ficou conhecido como o “o advogado dos escravos”. Sua obra virou tema de livros e de discussões acadêmicas acaloradas. Um busto em sua homenagem também foi esculpido e está exposto no Largo do Arouche, em São Paulo.

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