O carnaval de 1962 recebeu o nome de “Carnaval da Amizade – Pepsi Cola” e ironicamente este nome acabou não condizendo com os rumos que os festejos de Momo tomaram naquele ano. Este ano é marcado pela comunidade carnavalesca não como o primeiro dos desfiles oficiais ou o primeiro carnaval organizado pelo COMTUR. Todos os relatos obtidos sobre os festejos daquele ano remetem-se à situação na qual se envolveu a patrocinadora oficial, a empresa Refrigerantes Sul Riograndense, distribuidora da Pepsi-Cola no Rio Grande do Sul. Em 1962 aconteceram dois desfiles oficiais de carnaval na capital gaúcha: um na avenida Borges de Medeiros, organizado pelo COMTUR, e outro na avenida Eduardo (atual Presidente Roosevelt ), promovido pela Pepsi-Cola.
A empresa de bebidas patrocinava o carnaval de Porto Alegre desde o ano de 1955.
Com a oficialização surgiram problemas quanto a relação do patrocínio. A Pepsi então, na figura de seu diretor-presidente, o comendador Heitor Pires, ofereceu às escolas uma verba maior do que aquela que receberiam pela prefeitura se desfilassem em um coreto por ele organizado e não se apresentassem no desfile oficial. As agremiações então partiram para a Av. Eduardo, atual Av. Presidente Roosevelt, onde desfilaram. O público se dividiu entre este local e a Av. Borges de Medeiros, onde estava marcado o desfile oficial. Sobre este fato, Joaquim Lucena lembra a participação de pai:
A empresa de bebidas patrocinava o carnaval de Porto Alegre desde o ano de 1955.
Com a oficialização surgiram problemas quanto a relação do patrocínio. A Pepsi então, na figura de seu diretor-presidente, o comendador Heitor Pires, ofereceu às escolas uma verba maior do que aquela que receberiam pela prefeitura se desfilassem em um coreto por ele organizado e não se apresentassem no desfile oficial. As agremiações então partiram para a Av. Eduardo, atual Av. Presidente Roosevelt, onde desfilaram. O público se dividiu entre este local e a Av. Borges de Medeiros, onde estava marcado o desfile oficial. Sobre este fato, Joaquim Lucena lembra a participação de pai:
''E deu-se um fato, neste carnaval de 1962 as Escolas resolveram fazer uma associação e houve por parte delas uma briga com o poder executivo, com a prefeitura. E elas resolveram, através de uma empresa, que era a Pepsi-Cola, elas resolveram não desfilar no centro e foram para a Presidente Roosevelt. Então o centro de Porto Alegre ficou sem Escola, o povo todo ali, e só uma Escola, que também se chamava Escola do Morro, mas essa era do Morro Santa Tereza. E só veio essa escola. Enquanto Trevo de Ouro, Bambas da Orgia e as demais escolas desfilavam na Presidente Roosevelt. E nesse ínterim, meu pai recebe lá na televisão [Piratini] um pedido do prefeito José Loureiro da Silva que viesse até o Centro, porque o centro estava com uma Escola e ficaria abandonado. Eu acho que é um grande marco do carnaval de Porto Alegre, porque demonstra a capacidade de se doar. Meu pai disse ‘não vou deixar o povo sem carnaval’, e a orquestra desceu veio pro palanque e tocou mais de três horas de carnaval na Borges de Medeiros. Isso foi em 1962. A Escola do Morro pode praticamente se dizer que talvez tenha sido naquele ano a Escola do Morro fechou as suas portas. E salvou o carnaval. E foi uma boa retirada.
Como é possível observar no relato de Lucena, as abordagens sobre o assunto diferem quanto aos fatos ocorridos neste ano. O jornal Correio do Povo, destinado ao público tradicional da cidade, foi o meio que os dirigentes envolvidos procuraram para esclarecer a população, como é possível observar em comunicado feito por Heitor Pires, diretor da Pepsi Cola, no dia 6 demarço. Segundo notícia do mesmo dia, no jornal Correio do Povo, havia cerca de quarenta mil pessoas na Av. Borges de Medeiros quando houve o desentendimento entre COMTUR e Pepsi-Cola. Relata-se também a desmontagem dos coretos da Pepsi, que foram levados para outro ponto da cidade, além do cancelamento dos desfiles das Tribos Carnavalescas no domingo. As duas entidades continuaram trocando farpas na imprensa e anunciando desfile para o mesmo dia em dois lugares diferentes da cidade.
Por sua vez, o jornal Última Hora passou a impressão de que a culpa pelos acontecimentos turbulentos era de responsabilidade do COMTUR, ou como eles chamam CMT
Por sua vez, o jornal Última Hora passou a impressão de que a culpa pelos acontecimentos turbulentos era de responsabilidade do COMTUR, ou como eles chamam CMT
A grandiosa promoção carnavalesca foi truncada pelo Conselho Municipal de Turismo, que rompeu o acordo que mantinha com a Pepsi-Cola. Os bárbaros episódios começaram com a depredação dos coretos ali construídos pela Pepsi-Cola.
Elementos às ordens do presidente do CMT arrancaram as placas iluminadas da Pepsi-Cola e, que foram ali colocadas para aumentar a iluminação. Neste ínterim, após o CMT ter violado flagrantemente o contrato estabelecido, o radialista Rubens Alcântara, em nome da Pepsi-Cola, tentou explicar à multidão que os desfiles dos blocos carnavalescos haviam sido transferidos. Entretanto, não chegou a esclarecer o assunto, pois violentamente e barbaramente agredido.
Apesar do desentendimento, nunca foi do interesse da Pepsi abandonar o carnaval de Porto Alegre, como é possível notar a partir da publicação de sua explicação dos ocorridos para a população de Porto Alegre215. Com a oficialização houve acordos prévios da Pepsi com a prefeitura, de como seriam realizados os desfiles daquele ano. Aquele era o sétimo ano da Pepsi comandando o carnaval e seria ela a responsável pelo pagamento dos prêmios às entidades. Segundo a Pepsi, vários dos acordos previamente estabelecidos com a prefeitura não foram cumpridos, havendo brigas e violência por parte da prefeitura no dia dos desfiles, o levou a Pepsi a se retirar da avenida Borges de Medeiros. No final da carta, afirma a empresa que estará realizando o coreto na Av. Eduardo (atual presidente Roosevelt), junto à sociedade dos amigos do 4º distrito em data próxima.
Elementos às ordens do presidente do CMT arrancaram as placas iluminadas da Pepsi-Cola e, que foram ali colocadas para aumentar a iluminação. Neste ínterim, após o CMT ter violado flagrantemente o contrato estabelecido, o radialista Rubens Alcântara, em nome da Pepsi-Cola, tentou explicar à multidão que os desfiles dos blocos carnavalescos haviam sido transferidos. Entretanto, não chegou a esclarecer o assunto, pois violentamente e barbaramente agredido.
Apesar do desentendimento, nunca foi do interesse da Pepsi abandonar o carnaval de Porto Alegre, como é possível notar a partir da publicação de sua explicação dos ocorridos para a população de Porto Alegre215. Com a oficialização houve acordos prévios da Pepsi com a prefeitura, de como seriam realizados os desfiles daquele ano. Aquele era o sétimo ano da Pepsi comandando o carnaval e seria ela a responsável pelo pagamento dos prêmios às entidades. Segundo a Pepsi, vários dos acordos previamente estabelecidos com a prefeitura não foram cumpridos, havendo brigas e violência por parte da prefeitura no dia dos desfiles, o levou a Pepsi a se retirar da avenida Borges de Medeiros. No final da carta, afirma a empresa que estará realizando o coreto na Av. Eduardo (atual presidente Roosevelt), junto à sociedade dos amigos do 4º distrito em data próxima.
As diferentes falas e impressões sobre esta disputa marcaram o princípio do carnaval oficial de Porto Alegre. Os coretos de bairro ainda mantêm-se fortes e presentes para os foliões da cidade. Porém, ao longo dos anos, o cenário modifica-se e a inserção das Escolas de Samba e seus concursos em apenas um local específico passam a ditar o ritmo de transformação no carnaval da capital gaúcha .
TEXTO:Helena Cancela Cattani
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