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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Enredos: histórias e estórias de Carnaval - Série Enredos de Porto Alegre para 2016


Inicio hoje uma série de entrevistas com os temistas das agremiações do grupo especial de Porto Alegre para o próximo carnaval ( isto irá acontecer de acordo com a divulgação dos temas), seguindo a ideia da coluna de valorizar o trabalho destes profissionais.
Uma das primeiras escolas a divulgar seu tema para 2016 foi a Império da Zona Norte: “Man Sé Korea... Man Sé Império” de Diego Araújo desfilará na passarela. Morando no Rio de Janeiro,  estudante de Museologia, Diego tem passagens por escolas como GRES Unidos do Bangu, GRES Bambas do Ritmo e GRESE Império da Tijuca. Confira agora a entrevista realizada com ele. 

                                                                        Arquivo Pessoal


Tamujunto: Primeiramente, saiba que é um prazer receber você na abertura desta série que espera contar com todos os pesquisadores/temistas/enredistas para o próximo espetáculo de Porto Alegre. A missão aqui é valorizar o trabalho destes profissionais que muitas vezes ficam apenas nos bastidores.
Diego Araújo: Eu é que agradeço a oportunidade de poder falar um pouco do meu trabalho, e fico feliz em saber que haverá espaço para que os amigos de trabalho possam falar mais sobre suas experiências particulares. A função de pesquisador/temista/enredista ainda é muito desvalorizada no mercado de carnaval, mesmo provando que a divisão de funções proporciona trabalhos melhores e mais completos nas parcerias realizadas entre carnavalescos e pesquisadores.

TMJ: Sobre seus trabalhos, algum tem algum fato marcante, inusitado, pitoresco?
D.A.: Acho que nesses 06 anos de trabalho todos tiveram suas passagens marcantes, inusitadas e pitorescas. Porém, acho que três são inesquecíveis: O desfile do meu primeiro enredo, em 2011 no G.R.E.S. Bom das Bocas, escola de samba da cidade de Três Rios/RJ, e os dois anos em que trabalhei no Império da Tijuca, conquistando o título da Série A em 2013 com “Negra, Pérola Mulher” e “Batuk” que marcou a volta da escola ao Grupo Especial depois de 18 anos afastada, acho que foram os mais marcantes pela carga emocional envolvida.

TMJ: Pode nos contar um pouco mais sobre a sua aproximação com o carnaval do RS?
D.A.: Sempre fui um apaixonado por Carnaval, acompanho o Carnaval de Porto Alegre e de algumas cidades do estado por interesse próprio ou por ter sido apresentado por algum amigo. Nunca fui de realizar julgamento se o Carnaval é bom ou ruim pela plástica dos desfiles, sempre fui um observador mais técnico das ideias colocadas em prática, das propostas de enredo e dos sambas apresentados pelas escolas pra tirar alguma conclusão. Sempre acreditei que o Carnaval tem que ser entendido em partes, e também suas particularidades regionais.

TMJ: sua percepção em relação ao modo de desenvolvimento da folia gaúcha mudou se comparada ao que imaginava antes do contato direto? 
D.A.:O meu primeiro contato com o Carnaval do Rio Grande do Sul foi em 2012 quando recebi o convite do amigo Gustavo Barros para desenvolver o enredo da Imperatriz Leopoldense para o Carnaval 2013 em Porto Alegre. Foi uma experiência bem bacana e me fez entender o estilo do Carnaval da capital que tem algumas particularidades como pensar em roteiro de desfile com a presença de elementos que não são típicos do Carnaval da região Sudeste como Porta Estandarte e Casal de Passista.

TMJ: O que representa o trabalho de pesquisa e desenvolvimento do enredo no cenário nacional do carnaval? Ele se aplica ao RS?
D.A.: O trabalho de um pesquisador é o pontapé inicial na criação do projeto de Carnaval de uma escola de samba, afinal, a partir do enredo é que se direcionam todos os trabalhos. Particularmente em meus trabalhos sempre busco formar uma parceria com o carnavalesco, acho que a unidade de pensamentos faz com que o resultado do trabalho seja o melhor possível entre o foi pensado e pesquisado e o que será desenhado e executado. Isso vale pra qualquer lugar.

                                                                         Arquivo Pessoal


TMJ: Para o próximo ano, o Império da ZN escolhe um tema que é criticado por muitos - o chamado enredo CEP. Como você vê esta corrente dos pesquisadores/carnavalescos?
D.A.: Não faço pré-julgamento de enredos por conta da “classificação” feita por nós sambistas, sempre gosto de acreditar no potencial do tema, mesmo que ele cause algum espanto em primeiro momento. No caso do Império da Zona Norte, quando recebi o convite do Gustavo Barros para desenvolver a pesquisa e a criação do enredo o tema já estava fechado pela escola, mas como eu gosto de bons desafios e sempre gosto de aprender com os meus trabalhos, foi mais um desafio interessante e prazeroso de realizar.

TMJ: Qual o seu contato com a escola no desenvolvimento do desfile? Houve alguma alteração da sinopse por algum motivo solicitado pela agremiação?
D.A.: O meu contato a princípio foi com o Diretor de Carnaval da escola, Gustavo Barros, através de umas duas conversas chegamos ao denominador comum sobre os caminhos que o enredo teria que ter. Como essa parceria com o Gustavo já se repete faz alguns anos, a gente já se entende de forma clara e rápida, o que facilita muito o trabalho em ambas as partes sem ter que haver nenhuma alteração no que foi planejado inicialmente. O único pedido feito pela escola foi pra um acréscimo no título do enredo que até me ajudou a fechar ainda melhor o contexto geral do enredo, fiquei muito satisfeito.

TMJ: A concepção da sinopse foi compartilhada ou partiu de alguém em específico?
D.A.: O tema partiu da escola, já eu assino toda a criação textual do enredo do Império da Zona Norte, do título do enredo até a defesa do projeto que será entregue para a avaliação dos jurados.

TMJ: Teremos sua presença em Porto Alegre no período pré-carnaval?
D.A.: Ainda não há nada certo, como eu curso Museologia pela UNIRIO e ainda tenho compromisso com outras escolas fica um tanto difícil estar presente em todos os lugares, porém, eu acompanho o desenrolar de todos os meus trabalhos por telefone e pelas redes sociais, sou um pai coruja dos meus filhotes.

TMJ: Por fim, pode nos revelar alguma possível surpresa para o desfile dos Leões alados da ZN?

D.A.: Surpresas só mesmo no dia do desfile, o que posso adiantar é que o Império da Zona Norte está preparando um Carnaval à altura de sua história e da sua comunidade fantástica. O enredo segue a vertente que eu mais gosto, a cultural. “Man Sé Korea... Man Sé Império” é uma grande celebração da cultura Sul-Coreana, tentando ao máximo sair do caminho comum do desenvolvimento de um enredo que exalta algum lugar. No geral, acredito que o Império da Zona Norte propõe um excelente carnaval e o saldo já é extremamente positivo, e tenho certeza que será até o desfile.


Este espaço é nosso, temista! Caso tenha alguma sugestão, entre em contato comigo. Se você está na preparação do próximo carnaval ou tem alguma história para dividir conosco, fique à vontade. Um forte abraço e até a próxima!


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