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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Enredos: Histórias e Estórias de Carnaval

Escola de Samba?


Por: Pedro Linhares
   
   Antes mesmo de estar dentro do jogo, já se ouvem piadas prontas sobre o meio carnavalesco: isso não é futuro, esse pessoal do carnaval vive num covil, não dê confiança para esse povo de escola de samba...

   Escola de samba... Buscando na história a origem desta nomenclatura para as agremiações, encontramos a lógica. Sim, este termo cunhou-se devido a uma grande escola de ensino normal (o magistério atual) que ficava ao lado do local de encontro da Deixa Falar, na Rua Estácio, no Rio de Janeiro à época de sua fundação, na final da década de vinte. Nesse tempo, a alegria era sinônimo de carnaval. Falamos de outros tempos, sem competição oficial entre as escolas. 

Reprodução
                                  Ismael Silva, um dos fundadores da Deixa Falar - Fonte: site Folha  SP


   Esta lógica parece se quebrar nos dias de hoje. Uma escola possui alunos, professores, história, discussão, diretor eleito pela comunidade escolar. A forma de ingresso na instituição se dá por necessidade, por saber do retorno que o sacrifício proporcionará. O paradoxo é completo em nossas entidades do samba. Temos uma grande barreira para esta entrada. Não basta vontade, criatividade, doação. É preciso estar disposto a um investimento material sem chance de renovação de ideias. Exceções existem, mas o receio dos novos alunos é concretizado com a recepção inexistente dos antigos, dos repetentes, dos mestres. 

   Na escola regular de ensino, a contratação é de professores. Na do samba, os alunos podem ser contratados. A direção não apoia ações extra curriculares. Fazer parte de grupos de fomento ao estudo parece um olha pra fora da cartilha a ser seguida. Imaginem se em escolas públicas alguns alunos fossem remunerados e outros não, mesmo tendo sido aprovados com nota dez, apenas por não estarem na primeira fila da classe? 

   Acontece que por estes motivos, surgem ( graças aos Deuses!) verdadeiras ilhas de conhecimento e de hospitalidade para a juventude do samba. Salvem os Bailados, Padedês, Centros de Estudos, Associações de Compositores, de Destaques e outros... Enquanto não há espaço para esta gestação, estes novos filhos da folia são resgatados antes da desistência total.

   Espero, ansiosamente, receber críticas a estas palavras para manter viva a chama que precisa arder em nossas corações, causando inquietudes. Tenho esperança de que muitas ações aconteçam pelo nosso estado sem a devida atenção ou por apenas não serem a notícia da dança das cadeiras dos destaques, carnavalescos, etc e acabam ficando em segundo plano. 

   Sonho com o dia em que o respeito as nossa raízes seja maior do que o ego inflado, que a vontade de obter a pontuação máxima em cada quesito seja o fruto de árduo trabalho e não de jogo de interesses e benefícios próprios. Sonho com a união do povo do carnaval, das escolas de samba. Com uma união tão forte e sincera quanto o anseio de um sambódromo digno de receber nossos pavilhões.


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